Funerais de emergência




Página Inicial 49° dia será: 08/12/2024


Pequena conversa sobre budismo





Outubro de 2024

Honrando a Memória, Iluminando o Caminho: A Cerimônia Eitaikyō

Boa tarde a todos, sejam todos bem-vindos a este Eitaikyō, a cerimônia em memória aos nossos entes queridos. É com profunda gratidão que os recebemos hoje neste templo.

Nesta cerimônia, honramos aqueles cujos nomes estão inscritos no livro Eitaikyō, relembrando com carinho suas vidas e o laço precioso que nos une.
Tenho certeza que cada nome evoca em seus corações a imagem de familiares queridos. Em vida, eles nos ofereceram amor incondicional e nos presentearam com memórias preciosas.
Embora a impermanência da vida os tenha levado para longe do nosso convívio físico, suas presenças permanecem vivas em nossas lembranças.
O Eitaikyō transcende a mera homenagem aos que já partiram. É uma oportunidade para honrarmos seu legado e transmitirmos seus valores às futuras gerações. Viemos a este mundo, encontramos pessoas queridas, compartilhamos alegrias e tristezas, e, inevitavelmente, chega o momento de nossa partida.
No entanto, o Budismo nos ensina que a morte não é o fim, mas uma transformação. Através do encontro com Buda em nossas vidas, seguimos para a Terra Pura de Amida.

Inscrever um nome no livro Eitaikyō é uma forma de expressar gratidão e também de iluminar o nosso próprio caminho.
Alguns de vocês podem estar se perguntando sobre a importância de registrar um nome.
Permitam-me dizer que este ato é um investimento no futuro, uma demonstração de amor aos descendentes e um caminho para a paz interior. Ao inscrever um nome, garantimos que seus entes queridos sejam lembrados e homenageados neste templo, e que seus espíritos encontrem serenidade no paraíso budista.
E nós, que aqui permanecemos, fortalecidos pelos ensinamentos de Buda, seguimos nossas vidas com esperança e a certeza de que reencontraremos nossos amados. O Eitaikyō é uma tradição que garante que seus ancestrais sejam sempre lembrados, mesmo que a linhagem familiar se finde.
Acreditamos que a verdadeira homenagem reside no amor e na intenção de manter viva a memória daqueles que partiram.

Aproveitem esta oportunidade para se conectar com este templo, um lugar de acolhimento e paz.
Minha família e eu viemos para o Brasil com o propósito de servir a esta comunidade. Sintam-se à vontade para nos procurar, estamos aqui para ouvi-los e auxiliá-los em suas jornadas.
Muito obrigado a todos pela presença.




Setembro de 2024

Refletindo sobre a conexão da vida no Equinócio da Primavera

Hoje, reunimo-nos para o memorial coletivo e para celebrar o Equinócio da Primavera. É com profunda gratidão que nos encontramos para, juntos, ouvir os ensinamentos de Buda Amida.
Na primavera, as flores desabrocham, os pássaros cantam, e a vida desperta. A natureza nos ensina sobre o ciclo da vida e a preciosidade de viver plenamente dentro do tempo limitado que temos.
Hoje também é um dia para lembrarmos e homenagearmos aqueles que já partiram. A perda de um ente querido traz profunda tristeza e solidão. No entanto, o budismo nos mostra o caminho para aceitar e superar a tristeza.
O budismo ensina que tudo neste mundo está em constante mudança e nada dura para sempre. As pessoas também nascem e, inevitavelmente, morrem. No entanto, os ensinamentos de Buda nos mostram que a morte não é o fim, mas um novo começo.
Através dos encontros e despedidas com várias pessoas, aprendemos sobre a preciosidade da vida e a importância das conexões humanas. Mesmo que o corpo físico pereça, os pensamentos e ações de uma pessoa continuam vivos em nossos corações, sendo transmitidos como a chama da vida.
Buda Amida, com o desejo de salvar a todos, nos convida para a Terra Pura. A Terra Pura é um mundo de paz, livre de sofrimento e tristeza. Mesmo que nos percamos e soframos, Buda Amida nunca nos abandona e nos observa com carinho.
E aqueles que já partiram também são guiados pela luz de Buda Amida para um mundo de paz.
Que a luz do Buda Amida, como a luz da primavera, alcance seus corações e também aqueles que já partiram.
Que, através desta conexão, os ensinamentos de Buda Amida se tornem um apoio para seus corações e uma esperança para o amanhã.




Agosto de 2024

Obon Um Rio de Memórias

Boa tarde a todos, queridos irmãos e irmãs!
É com o coração repleto de gratidão que os recebemos hoje, aqui em nosso templo, para celebrarmos juntos o Obon, esta tradição tão linda e significativa.
Observá-los aqui reunidos, nesta terra distante que chamamos de lar, com a memória e o amor aos seus ancestrais vivos em seus corações, me enche de emoção.
É comovente ver como o elo com as nossas raízes permanece forte, mesmo a tantos quilômetros de distância do nosso Japão.
Ao longo dos séculos, o Obon, guiado pelos versos comoventes do Sutra Amida, entoado hoje com tanto respeito, tem sido um farol de esperança e conforto para o nosso povo.
É a oportunidade de celebrarmos a vida daqueles que já partiram, relembrarmos suas histórias, seus ensinamentos e o amor que uniu as nossas famílias através das gerações. E hoje, mais uma página desta história se escreve aqui.
Uma página que não fala apenas do passado, mas que também ilumina o nosso caminho para o futuro.
Talvez alguns se perguntem: por que relembrar o passado? Por que essa conexão com aqueles que já se foram é tão importante?
Meus queridos, assim como uma planta precisa de raízes fortes para florescer, nós também precisamos nutrir a nossa história, as nossas origens, para que possamos florescer como seres humanos completos.
É fácil pensarmos nos nossos ancestrais e nos nossos descendentes como vidas separadas, distantes. Mas a verdade é que somos todos parte de uma grande e infinita correnteza, um rio que flui do passado para o futuro, carregando consigo a história da humanidade, da nossa família, do nosso povo. E nesse fluir constante, honrar nossos ancestrais é também um ato de amor e esperança para as futuras gerações. É ensiná-los a importância da família, da gratidão e do respeito por aqueles que vieram antes de nós.
Enquanto no Japão o Obon é celebrado sob o calor do verão, aqui nos reunimos no aconchego do inverno.
Mas mesmo com as diferenças de clima e distância, a atmosfera que envolve este templo é a mesma: o aroma familiar do incenso, a saudade agridoce que aquece o coração, a certeza de que a distância e o tempo não podem apagar o amor e a gratidão que sentimos por aqueles que já partiram.
Na fé da Terra Pura, acreditamos que aqueles que amamos e que já se foram, renasceram sob a luz misericordiosa do Buda Amida.
E é com esse pensamento reconfortante que nos reunimos hoje, não para lamentar a ausência, mas para celebrar a vida e a memória daqueles que tanto amamos. Ao lembrarmos deles, é natural que sentimentos de saudade, e até mesmo de arrependimento, aflorem em nossos corações.
"Se eu tivesse passado mais tempo com meus pais...", "Se eu tivesse dito o quanto os amo...".
Mas não se culpem por esses sentimentos, meus irmãos. Eles são apenas reflexos do amor e da falta que essas pessoas especiais nos fazem.
Transformemos esses sentimentos em força para vivermos cada dia com mais intensidade, compaixão e gratidão.
Que a lembrança daqueles que já partiram nos inspire a sermos pessoas melhores, mais justas, amáveis e presentes na vida daqueles que amamos. Olhem ao redor! Cada um de vocês, carrega consigo a história e o amor de alguém que já se foi. Mesmo nos rostos desconhecidos, podemos sentir a saudade e a esperança.
Ninguém está verdadeiramente sozinho neste mundo.
Somos todos interligados por laços invisíveis de amor e compaixão.
Que esta cerimônia de Obon seja um momento de profunda conexão com as nossas raízes, de união familiar e de fortalecimento da nossa fé.
Que a luz do Buda Amida ilumine os nossos corações, guiando os nossos passos no caminho do bem e da felicidade.




julho de 2024

O Sorriso que o Inverno Não Levou

Boa tarde a todos.
Assim como as águas da represa, visível deste salão principal, recuperam sua beleza tranquila nas manhãs enevoadas de inverno, que nossos corações também se refaçam em serenidade nesta época de recolhimento.

É comum ouvirmos como histórias no templo budista.
Certa vez, um homem que havia perdido sua amada esposa procurou um monge. Ele havia trabalhado arduamente durante toda a vida, dedicado à empresa, à comunidade e, acima de tudo, à sua família.
"Quando o inverno chega, a saudade da minha esposa se torna quase insuportável", ele desabafou, com o coração carregado de pesar.
"Ela se foi, descansa sob a terra fria, enquanto eu ainda posso sentir o calor do sol... Isso me causa tanta dor."
O monge, escutando com atenção e compaixão, respondeu-lhe serenamente: "É verdade, sua esposa não está mais fisicamente presente. Mas o mundo que ela tanto amou e pelo qual se dedicou, cada raio de sol, cada gota de chuva, continua a envolvê-lo com a vida que ela também ajudou a construir. E o sorriso dela, acredite, esse jamais se apagará do seu coração."

Em seguida, o monge compartilhou uma antiga sabedoria: "Finquemos raízes na terra e vivamos com o vento.
Assim como as sementes que enfrentam o inverno, cantemos a primavera com os pássaros".

Assim como a semente guarda em si a promessa de uma nova vida que florescerá na primavera, nós também carregamos em nossos corações a memória e o amor daqueles que partiram. É preciso ter a força para continuar, assim como a natureza se renova após o inverno.

A dor da perda é um processo natural, mas os ensinamentos budistas nos dizem: "Nunca é tarde demais" para encontrarmos a paz interior.
O passado não pode ser mudado, mas podemos transformar o futuro, honrando a memória dos que amamos e vivendo cada dia com intensidade.
Que tal compartilharmos histórias e lembranças daqueles que já partiram?
Oferecer e receber palavras de conforto e apoio nos ajuda a fortalecer os laços que nos unem, além de trazer paz aos nossos corações.

Que este templo seja um refúgio para todos, um lugar de acolhimento, paz e esperança, onde possamos superar as dificuldades juntos.
E que, ao prestarmos homenagens aos que já partiram, possamos também fortalecer nossos corações e seguir em frente com esperança.



junho de 2024

A Nobreza do Espírito Humano

Boa tarde a todos.
Sejam muito bem-vindos hoje.
Hoje, nos reunimos para comemorar os imigrantes que se mudaram do Japão para o Brasil.

Nossos avôs tomaram a grande decisão de deixar sua terra natal e trazer suas famílias para uma nova terra. Essa "decisão" molda a essência de nossas vidas.

Na era material de hoje, as atividades religiosas podem parecer, à primeira vista, sem valor, um desperdício e uma despesa cara.
No entanto, a essência da religião não está no material, mas em encontrar valor no "espiritual".

Acreditamos que há um mundo onde aqueles que deixaram este mundo material vivem em paz e conforto, e é por isso que podemos viver confortavelmente neste mundo sem esquecer isso.
Pode-se falar em céu e inferno após a morte. Talvez não haja nada de verdade. No entanto, é correto desejar que aqueles que foram importantes para nós desfrutem de paz e conforto após a morte, e não que "não haja nada".

A nobreza do espírito e da alma humanos não é medida pelo quanto sofremos. O que é crucial é o quanto podemos compartilhar a tristeza dos outros, e essa empatia máxima é chamada de coração de Buda, conhecido como "misercordia".

Decidir aproximar-se do coração de Buda pode parecer fácil, mas requer energia suficiente para mudar toda a direção de sua vida.

No entanto, é por isso que pode ser chamado de um ato nobre digno de todo o nosso esforço.
Quanto tempo ainda temos? Eu espero que despertemos para uma vida cheia de compaixão e dignidade humana o quanto antes.




Maio de 2024

Encontros e Despedidas: Reflexões Sobre a Felicidade

Boa tarde a todos.
Bem-vindos ao missa geral de maio.

Até o momento, tenho conhecimento de que os nomes de 193 pessoas falecidas foram listados no site do templo em maio.
Entretanto, é provável que haja muitos outros nomes de pessoas que faleceram e que eu ainda não esteja ciente e que não foram listados no site.
Além disso, é certo que incontáveis pessoas em todo o mundo faleceram em maio, não apenas relacionadas a este templo.

No entanto, isso também significa que houve tantos nascimentos quanto o número de pessoas que faleceram até agora.
Para uma pessoa nascer, é necessário que seus pais se encontrem, e que os pais deles também tenham pais, e assim por diante, com muitos encontros levando ao nascimento de uma pessoa. A vida humana é composta de muitos "encontros" e igual número de "despedidas".

A missa de hoje no Templo Hongwanji celebrará o nascimento de Shinran, o fundador da nossa seita, Jodo Shinshu.
Junto com a celebração do nascimento de nosso respeitável mestre, vamos todos refletir sobre a vida humana hoje.

Como você responderia se perguntado "Você é feliz?"
Pode ser difícil dizer que você é infeliz, mas também pode ser difícil afirmar claramente que você é feliz.
Apresentarei algumas palavras interessantes sobre como determinar a felicidade.

- Pessoas que vivem em uma casa com um teto, janelas e luz estão entre os 25% mais ricos do mundo.
- Se você tem dinheiro e tempo para gastar com hobbies, está entre os 13% mais ricos do mundo.
- Estar vivo agora significa viver no "futuro" que muitos milhares de pessoas falecidas sonharam.
- Se você está lendo ou ouvindo este texto agora, é mais afortunado do que 3 bilhões de pessoas que não podem ver, ler, ouvir, escrever ou ter acesso a informações e inteligência.

A vida não é apenas para lamentar a dor e a tristeza. É para olhar para inúmeros agradecimentos e felicidade.

O que você pensa sobre isso que ouvido?

No Budismo, consideramos a felicidade como algo temporário que eventualmente se perderá. Mais do que a própria felicidade, vemos a fixação no estado atual de felicidade e o medo de perdê-lo como uma fonte de sofrimento.
No entanto, olhando por outro lado, isso também significa que qualquer infortúnio atual não durará para sempre.

Por isso, nosso fundador, Shinran, estritamente proibiu buscar a felicidade pessoal através de bens materiais e sucesso social como a única verdade.

A sociedade moderna, graças aos esforços de nossos ancestrais, tornou-se um lugar onde podemos obter várias coisas sem esforço.
Para aqueles que vivem em tal sociedade, o que é verdadeiramente importante é possuir um espírito que possa se regozijar na felicidade dos outros ao seu redor, sem se apegar à própria felicidade ou infelicidade.

Shinran Shonin viu o salvamento de nossas vidas na misericórdia do Buda Amida.
Misericórdia significa sentir a tristeza dos outros como a sua própria e cuidar disso.
Ele também pregou a importância de compartilhar a alegria e valorizar a harmonia geral em direção ao mundo.

O templo existe aqui agora porque esse espírito tem sido transmitido através de gerações de imigrantes japoneses.

E eu também vim para este lugar com minha família para transmitir essa preciosa mentalidade para a próxima geração.
Espero continuar contando com os seus apoio.
Isso conclui minha saudação.




Abril de 2024

Duas Luzes no Caminho da Vida: Buda Shakyamuni e Amida Nyorai

Boa tarde a todos!
Assim como dirigir à noite, a vida nos coloca em um caminho incerto, onde cada passo é uma aventura. Para seguirmos com segurança, duas luzes nos guiam: uma ilumina nossos pés, a outra, o horizonte distante. No carro, os faróis cumprem essa missão, conduzindo-nos ao destino sem tropeços.

Na jornada da vida, essa força se multiplica quando caminhamos lado a lado. No Budismo Jodo Shinshu, encontramos duas figuras iluminando nosso caminho: Buda Shakyamuni, que ilumina nossos passos, e Amida Nyorai, que irradia luz no horizonte longínquo.

Ao recitarmos "Namu Amida Butsu", o mundo distante após a vida se torna real, iluminando também o presente que vivemos. Unidos em fé, a chama da devoção se intensifica, guiando-nos com firmeza.
Embora cada um trilhe seu próprio caminho, o destino final é o mesmo: a Terra Pura. Hoje celebramos o nascimento de Buda Shakyamuni, aquele que nos presenteou com a bússola para navegarmos com segurança, passo a passo, em direção à felicidade.
Buda revelou a origem do sofrimento e o caminho para a libertação, ensinando-nos a viver com sabedoria e compaixão. Seguindo seus ensinamentos, o caminho se torna mais claro e a felicidade genuína se revela.

Com profunda compaixão, Amida Nyorai dedicou-se à salvação de todos os seres. Através do Nembutsu, ele nos convida à Terra Pura, um paraíso de paz e felicidade eternas.
Na fé, encontramos uma comunidade que nos acolhe e nos fortalece. Caminhando lado a lado, nos apoiamos e inspiramos mutuamente, tornando a jornada mais leve e luminosa.

Celebrar o nascimento de Buda é um ato de profunda gratidão por sua infinita sabedoria e compaixão. Seguir seus ensinamentos e dedicar-se à felicidade de todos os seres é a forma mais sublime de retribuir sua benevolência.

Assim como os faróis guiam o carro na escuridão, Buda e Amida iluminam nossa jornada. Unidos em fé, com o coração transbordando de gratidão, celebramos este dia especial e renovamos nossas energias para seguirmos em frente, trilhando um caminho de paz e realização.




Março de 2024

Ohigan: Reflexões Sobre a Vida e a Morte

Boa tarde a todos! Sejam todos muito bem-vindos!
O Ohigan é um evento importante que ocorre nas mudanças de estação.
Embora o verão ainda esteja quente, o Ohigan é um momento para refletirmos sobre nossas vidas e sobre a vida de nossos entes queridos.
Com o avanço da ciência e da tecnologia, a medicina e a engenharia progrediram consideravelmente, e as próteses e outros dispositivos podem auxiliar pessoas com deficiências físicas. No entanto, o que nos espera após a morte?
Cientificamente, com a morte, nossos pensamentos e memórias desaparecem, restando apenas nossos ossos.
"彼岸" (Higan) é uma palavra que compara o mundo após a morte à "outra margem".
Talvez não exista nada além disso. No entanto, ninguém pode afirmar com certeza o que acontece após a morte.
Muitas pessoas desejam ser libertadas do sofrimento e descansar em paz após a morte. Mas quando se trata de um ente querido que partiu, nossos pensamentos mudam. É natural desejar que eles continuem felizes mesmo após a morte.
A ideia de que tudo se torna nada após a morte é muito triste, por isso, antigamente, as pessoas criaram a ideia de um mundo com deuses e budas.
Ao lado de um ser eterno como um deus ou um buda, nossos pensamentos também podem ser eternos, e assim buscamos um lugar onde eles possam permanecer.
A existência de um ser humano é efêmera diante do universo e da história, como um grão de areia levado pelo vento. No entanto, a esperança de estar ao lado de um "ser eterno" nos dá força para viver.

Onde estão nossos entes queridos agora?

No Jodo Shinshu, acreditamos que falecido vai ser Buda.
Ao recitarmos o Nan Man Dabu, expressamos nosso desejo de um dia nos reunirmos com nossos familiares que se tornaram Budas.
O Ohigan é uma oportunidade preciosa para recordarmos nossos entes queridos e refletirmos sobre nossas vidas.
Hoje, todos vocês vieram ao templo para expressar sua gratidão aos seus ancestrais e entes queridos.
Obrigado!




Fevereiro de 2024

Confiar em Alguém: Aceitar Enganos e Danos

Acreditamos nas pessoas, não é mesmo?
Mas, muitas vezes, isso não significa que confiamos na pessoa em si, mas que estamos apenas colocando expectativas excessivas na imagem idealizada que temos dessa pessoa.
Quando nos sentimos traídos, apesar das expectativas, não é porque a pessoa nos traiu, mas porque ela não era quem pensávamos que fosse, ou não tinha as habilidades que imaginávamos.
Apenas vimos um lado dessa pessoa que não era visível antes, e quando isso é revelado, talvez devamos aceitar pensando "Ah, essa também é uma parte dessa pessoa".
Definir impressões sobre os outros arbitrariamente e depois vaguear pela floresta das relações humanas quando as coisas não seguem como esperado é algo que fazemos.
Não é incrivelmente difícil ter um eixo firme e inabalável?
Por isso mesmo, as pessoas falam em "acreditar" e, talvez, por se sentirem inseguras, queiram se agarrar ao sucesso que alcançaram ou à imagem idealizada de alguém.
Mas, quando uma pessoa se apoia em outra, está apenas colocando um fardo unilateralmente nos ombros do outro. É tão fácil apoiar-se em alguém, não é mesmo? No entanto, aquele que está sendo apoiado está se esforçando muitas vezes mais.
Isso não é o que chamamos de confiança, mas sim a imposição de expectativas excessivas. No budismo, chamamos isso de "paixões perturbadoras".
Nosso fundador, Shinran Shonin, disse o seguinte sobre acreditar:
Mesmo que caíssemos no inferno por seguir o Nembutsu encorajado por Honen Shonin, não importaria.
De qualquer forma, por mais que tentemos, não podemos alcançar a Terra Pura com nossos próprios esforços.
Se caíssemos no inferno por acreditar no Nembutsu(Nan Man Dabu), quando poderíamos ter chegado à Terra Pura por nossos próprios méritos, então estaríamos sendo enganados.
É porque, de qualquer forma, não temos outra escolha senão cair no inferno que tentamos recitar o Nembutsu, como o respeitado mestre nos instrui.
Ou seja, confiar em alguém significa estar disposto a aceitar qualquer engano ou dano que venha dessa pessoa.
A relação de confiança entre pais e filhos não é exatamente isso?
E para nós também, como Shinran Shonin nos diz, Buda Amida é realmente aquele em quem devemos confiar.
Obrigado.




Janeiro de 2024

A Essência de uma Pessoa "Importante": Preocupação com os Outros

Boa tarde a todos, como estão?
Hoje, sejam muito bem-vindos à nossa visita.
No website deste templo, nós publicamos os nomes importantes de suas queridas famílias e suas datas de falecimento.
Se você deseja adicionar o nome de uma família que não está listada no site, não é necessário preencher nenhum formulário ou fazer qualquer procedimento. Apenas nos informe o nome da pessoa e a data de falecimento pelo WhatsApp. Nós a adicionaremos imediatamente.
Esses nomes serão continuamente honrados e exibidos como prova de que os falecidos existiram neste mundo, enquanto o templo existir. Além disso, gostaríamos que o maior número possível de pessoas vissem esses nomes, então, por favor, informe também seus familiares e parentes quando eles forem listados.
Agora, gostaríamos de começar com a tradicional história budista durante a cerimônia. Hoje, gostaria de falar sobre o que significa ser uma pessoa "importante".
Em Tóquio, o distrito mais movimentado do Japão, existem muitas opções de sushi, desde as mais caras até as mais acessíveis e deliciosas.Vocês gostam de sushi?
A culinária dos restaurantes de sushi é famosa pelo nigiri-sushi, mas a essência está em usar o peixe mais saboroso da estação para maximizar o seu sabor através da preparação cuidadosa e em oferecer a bebida que melhor o acompanha, o que representa uma parte da culinária japonesa.
Claro, se for barato e gostoso, não é melhor escolher aquele restaurante?
No entanto, há pessoas que vão repetidamentea essas caríssimas casas de sushi. E mais, é tão difícil fazer uma reserva que até entrar no restaur se torna uma tarefa árdua, onde uma refeição pode custar milhares de reais.
Há lugares que chamam pessoas que podem entrar nessas casas de sushi a qualquer momento sem reserva de "pessoas importantes".
O que vocês acham disso ao ouvir?
Isso não é verdade, certo?Certamente, pensar que é importante por comer em um restaurante caro é uma ideia estranha.
A história continua, mas apenas aqueles que podem pagar podem comer nesses restaurantes caros.

No entanto, quase ninguém que paga tanto pensa que é porque é importante.
Pelo contrário, os clientes levam para os chefs presentes caros ou presentes únicos de regiões fora de Tóquio.
Mesmo sendo clientes, eles permanecem humildes e respeitosos com as habilidades dos chefs, mantendo um bom relacionamento e ansiando por um serviço de alta qualidade, o que os leva a se comportarem como cavalheiros naturalmente.
Da mesma forma, o restaurante de sushi também faz um esforço extra para proporcionar o melhor serviço possível, usando suas melhores habilidades para os clientes regulares que não apenas pagam muito, mas também trazem presentes e apoiam o negócio durante os períodos de baixa temporada.
Claro, eles servem os clientes importantes sem se preocupar com o custo dos ingredientes,para garantir que eles possam desfrutar ao máximo.
Pode-se dizer que uma pessoa importante é "alguém que pode se preocupar com os outros com humildade".
Essa é a visão do mundo secular, mas e sobre o ensino que visao de rerisiosa?
Buda Amida nos oferece a mais alta compaixãopara o nosso destino.
Isso é algo que nosso fundador, Mestre Shinran, elogiou como inigualável em sua maravilhosa natureza.
Como então devemos receber esta mão estendida?
Diferente de um restaurante onde você precisa trazer um presente caro para entrar, Mestre Shinran nos mostrou um caminho onde, com apenas Nembutsu, qualquer pessoa pode receber a mais elevada misercordia.

Depois de ouvir a história de hoje, o que vocês acharam?
Existem muitas religiões no mundo, mas na verdade, seus ensinamentos têm muitas coisas em comum escritas.
Muitos deles podem ser resumidos em três pontos principais: "a proibição de matar indiscriminadamente", "a proibição do saque" e "a proibição de mentir".
Embora as divindades adoradas e os textos sagrados sejam diferentes em cada religião, todos eles compartilham o fato de que eles primeiramente ensinam o que é essencial para a sobrevivência da cultura humana e a prosperidade da espécie.
Não é necessário que todos se tornem budistas, mas é importante que todos, como seres humanos, tenham a atitude de se esforçar para se tornarem quem devem ser.
Eu gostaria de pedir a todos que já possuem o hábito nobre de reservar um tempo em memória de seus entes queridos que, pelo menos, respeitem juntos o que é importante como seres humanos. Um templo é um lugar assim.




Dezembro de 2023

Kagami Mochi: Tradição e Harmonia Familiar no Ano Novo Japonês

Boa tarde. O dia 8 de dezembro é um dia especial para o Budismo, chamado "Jodo-e", onde é comemorado o dia em que Siddhartha Gautama, o fundador do Budismo, alcançou a iluminação.
É a partir deste momento que se originou o Budismo, há mais de 2500 anos, e essa religião foi aceite e se espalhou por uma vasta área geográfica. Chegou também ao Japão e, ao misturar-se com a cultura japonesa, evoluiu para o Budismo que conhecemos hoje.
Gostaria de introduzir um aspecto da cultura japonesa. Dentro das diversas tradições culturais do Japão, há uma que consiste em empilhar dois moti que bolos de arroz circulares e decorá-los durante o Ano Novo, conhecida como "Kagami Mochi".
Este é colocado como uma oferenda para celebrar o início do Ano Novo e para receber o deus do ano (Toshigami-sama) nas casas. O Kagami Mochi é dito ter começado durante o período Heian, há mais de 1000 anos, mas a prática de oferecer arroz colhido aos deuses é ainda mais antiga.
Toshigami-sama é um dos muitos seres espirituais superiores dentro da cultura japonesa e representa a divindade que chega com o novo ano. O Kagami Mochi reflete o costume de receber o novo ano como se fosse uma divindade.
Esta tradição é um meio importante de transmitir a cultura e os valores herdados dos antepassados para as gerações futuras. "Dado" é uma palavra simples, mas toda a cultura japonesa está embutida nesta prática que foi passada de pais para filhos ao longo dos séculos.
Dois Moti empilhados um sobre o outro simbolizam "céu e terra" ou "pais e filhos", algo comum em muitas culturas ao redor do mundo.
Assim, o Kagami Mochi transcende ser apenas um alimento; ele representa a coesão e a harmonia familiar de uma maneira tangível.
No Kagami Mochi, coloca-se uma tangerina no topo. No Japão antigo, a tangerina era chamada de "daidai".
Isso se tornou um costume porque "daidai" soa como a expressão "de geração em geração" em japonês, e assim, a tangerina é colocada como símbolo dos antepassados no céu e na terra.
E quando a família se reúne para o Ano Novo, o Kagami Mochi serve como uma decoração central, em torno da qual sorrisos e conversas são compartilhados — um elemento essencial para as casas japonesas.
Por volta do dia 11 de janeiro, há o costume de comer o Kagami Mochi com a família, um evento conhecido como "Kagami Biraki".
Este ato marca o fim do período especial de Ano Novo, considerando a data de validade dos bolos de arroz feitos no final do ano passado, servindo como um divisor de águas para as pessoas retornarem à sua rotina diária.
Durante o Kagami Biraki, é costume não usar facas, mas sim quebrar o mochi com um martelo de madeira, afim de evitar "cortar" os laços familiares.
Hoje eu quis compartilhar sobre a importância de valorizar a cultura japonesa. Em nosso templo, também faremos mochi no dia 30 de dezembro e venderemos Kagami Mochi.
Se puderem, convidamos a todos para decorarem suas casas com Kagami Mochi e receberem o Ano Novo com a família.
Espero ter capturado a essência do seu texto e traduzido de uma forma que o torne compreensível para falantes de português do Brasil. Se precisar de ajuda com mais alguma coisa, estou à disposição.



Novembro de 2023

Hōonkō: Retribuindo a Graça do Mestre Shinran

O Hōonkō é hoji do fundador Jodo Shinshu Mestre Shinran.
“Hōon” significa "retribuir a graça". Hoje, gostaria de falar sobre o que é essa graça.
A graça que o Mestre Shinran nos deixou é “a doutrina da Jodo Shinshu”.
Embora seja essencialmente a doutrina do budismo, existem várias seitas budistas.
Como todos sabem, os conflitos no Oriente Médio que duraram por muito tempo se intensificaram no mês passado.
Seus deuses nunca promoveram a guerra. No entanto, também não a proíbem, e às vezes é dito que é necessário lutar para proteger sua fé, o que parece ser um dos fatores.
Nas religiões monoteístas que pregam a ordem divina como "boa", as ações que não estão de acordo com essa ordem são rotuladas como "más", e, às vezes, medidas armadas são tomadas para corrigir ou eliminar o mal.
Por outro lado, o budismo nunca se envolveu em guerras religiosas ao longo de sua história.
Em parte, isso se deve à sua natureza como uma religião politeísta que incorporou ativamente outras religiões.
Além disso, a doutrina budista é essencialmente "vazia" e busca se distanciar das noções convencionais de ordem e senso comum.
E qual é a doutrina do budismo?
O objetivo final é a "Iluminação", e a palavra "Buda" significa "aquele que se iluminou".
O conteúdo da Iluminação é bastante simples:
"todas as coisas são impermanentes,todas as coisas são vazias, todas as coisas são sofrimento."
Compreender esses três princípios é a Iluminação.
No entanto, "compreender" significa que você se torna um com esses princípios.
Aqui, não existe um padrão absoluto de bem e mal, e todas as noções de bem e mal se tornam "para alguém".
Isso é chamado de "vazio" na essência.
O objetivo é a libertação das várias formas de sofrimento causadas por se prender a julgamentos pessoais de bem e mal e alcançar a paz interior.
Falamos brevemente sobre o budismo, mas o que é a doutrina da Jodo Shinshu?
A Jodo Shinshu divide o budismo em duas categorias principais.
Uma é o grupo que busca alcançar o mundo da Iluminação por seus próprios esforços.
Este grupo inclui muitas seitas que praticam estudos aprofundados, rigorosa disciplina e renúncia a todos os desejos mundanos para alcançar a Iluminação à semelhança do Buda histórico, Siddhartha Gautama.
Outro grupo tambem inclui o Jodo Shinshu, que é guiado para o mundo da iluminação por meio de um método já estabelecido por Buda. Essencialmente, foi ensinado como um meio de salvação para aqueles que não podem se tornar monges.
O resumo desses ensinamentos está contido no "Kyogyoshinsho".
Shoshingue que lemos hoje faz parte desse livro. Embora tenham sido escritos de maneira que todos possam entendê-los, eles ainda são complexos e exigem um estudo sério.
No entanto, graças à obra do Mestre Shinran, a salvação budista se tornou acessível a todos, não apenas a alguns. Este é o significado do Hōonkō, que se esforça ao máximo para retribuir os méritos do Mestre Shinran.
E como fazemos isso? Através do Nenbutsu.




Outubro de 2023

Qualidade de Vida e a Busca por um Destino: Encontrando o Buda Amida

Vamos lá, entrar no assunto.
As mudanças de estação especialmente problemas de saúde.
Dores de cabeça, dores nas articulações, febre, tonturas, dores nos ombros, pele áspera e muitos outros problemas - como vocês lidam com esses sintomas?
Para dores de cabeça e dores no corpo, existem muitos medicamentos disponíveis que podem aliviar os sintomas de acordo com a dor.
Portanto, é importante ter medicamentos adequados em casa para os sintomas que normalmente reconhece. No entanto, os médicos geralmente recomendam a realização de exames para eliminar a causa.
No budismo tambem, a abordagem básica é que, em vez de se enganar momentaneamente em relação à ansiedade e preocupações da vida,
é necessário lidar com as causas fundamentais.
As preocupações das pessoas podem ser divididas em duas categorias principais: saúde e economia, e qualidade de vida.
No que diz respeito à saúde e economia, embora isso não se aplique a todos, é uma área em que o esforço pode fazer a diferença.
Mas, e quanto à qualidade de vida?
O que é qualidade de vida, afinal?
É o resultado de encontros com pessoas maravilhosas?
É o resultado das realizações acumuladas?
Existem muitas perspectivas.
Agora, já se perguntou se um ano na infância e um ano na idade adulta têm a mesma duração?
Embora devam ter a mesma duração, muitas pessoas acham que um ano na idade adulta parece mais curto, não é? Geralmente se diz que um ano na idade adulta é uma fração menor da vida até agora e, por isso, parece mais curto.
No entanto, isso não é necessariamente verdade.
A resposta está na presença ou ausência de mudança.
Fazer as mesmas coisas com as mesmas pessoas no mesmo lugar não cria memórias diferentes.
Por exemplo, se dirigiu por 10 horas para algum lugar, quantas pessoas se lembram de todos os detalhes 10 horas depois?
No entanto, se fez uma viagem turística de 10 horas em um dia e viu muitas coisas diferentes, a maioria das pessoas se lembra de muitos detalhes.
Onde foram, o que viram e comeram.
Um dia, todos nós olharemos para trás em nossas vidas em seu momento final.
Haverá duas coisas importantes nesse momento.
A primeira delas é a capacidade de olhar para trás e dizer que tivemos uma boa vida.
A segunda é ter um destino determinado.
Neste caso, o destino é o mundo do Buda Amida.
Todos vieram aqui hoje para se encontrar com o Buda Amida do Otera.
Embora sua família tenha tradições de realizar missa budista e orações para os antepassados neste templo do Jodo Shinshu, conhecem o verdadeiro significado disso?
Significa que, após o término de sua vida atual, renascerá no mundo do Buda Amida.
A doutrina da Escola Jodo Shinshu é, precisamente, desejar renascer no mundo do Buda Amida.
Portanto, todas as pessoas aqui hoje se encontrarão novamente no mundo do Buda Amida em algum momento.
O ensinamento deste templo do Jodo Shinshu é fazer a promessa de "nos encontrarmos novamente um dia".
A conversa de hoje começou com a questão da qualidade de vida.
Na vida, é aquela em que, ao olhar para trás no final da vida, passou por momentos gratificantes com muitas boas lembranças e, ao mesmo tempo, encontrou a resposta para a pergunta "para onde estou indo?" que é a mais "qualidade" de vida, não é mesmo?
Expressamos o desejo de "nos encontrarmos novamente no mundo de Buda Amida" com a palavra "Nan man dabu". Muito obrigado. Nan man dabu




Agosto de 2023

Obon: Lembrança, Gratidão e a Cura de Buda

Boa tarde a todos.
Hoje vou falar sobre o omairi do Obon.
Mas, vou ler o discurso que preparei.

E vou ler devagar.Não é para tornar mais fácil de entender ou ouvir.
É porque, para mim, apenas ler ainda é um desafio.
Embora eu tenha vivido no Brasil por cerca de 10 anos, a maioria de vocês fala muito bem japonês comigo, então acho que essa é a razão pela qual meu português não está melhorando muito ainda.
Mesmo assim, o conteúdo do discurso é algo que considero importante como monge, e escrevi isso com cuidado. Pode ser um conteúdo difícil de entender, mas por favor, ouçam com boa vontade e interpretem da melhor maneira possível.

Boa tarde a todos, hoje realizamos uma cerimônia de comemoração do Finados Japão,Obon, chamada " Cerimônia de Lembrança " .

Embora essa cerimônia seja realizada em todo o mundo, hoje eu gostaria de falar sobre seu significado no budismo.

 Primeiro, vamos voltar à origem do Obon, que muitos de vocês provavelmente já conhecem.
Havia um discípulo de Buda chamado Mokuren, que tinha o poder de ver além do tempo e do espaço, mas não conseguia ver a verdade, e por isso se tornou um seguidor budista.

Certa vez, ele procurava por sua mãe falecida e viu a imagem dela sofrendo na mundo dos espíritos famintos, um mundo de fome e desejo eterno, onde não era possível encontrar satisfação.

Profundamente aflito, Mokuren perguntou a Buda a razão e a maneira de salvar sua mãe.
Buda lhe disse que sua mãe estava no mundo dos espíritos famintos porque, em vida, ela havia acumulado alimentos de maneira obstinada, preocupada com Mokuren, seu filho.

Na época em que havia poucos recursos disponíveis, alguém acumular comida excessiva significava monopolizar o alimento que deveria ser compartilhado igualmente entre todos.

Isso perturbava o equilíbrio que deveria existir.
Como forma de salvar a mãe de Mokuren, Buda sugeriu que ele doasse alimentos aos outros, libertando-se do apegos materiais e compartilhando com os demais.

Diz-se que, graças a esse ato meritório, a mãe de Mokuren alcançou o Nirvana.
Originalmente, essa história tinha como objetivo alertar sobre a ganância e o desejo excessivo, mas, com o sentimento de lembrança de seu filho pela mãe falecida, gradualmente tornou-se uma tradição para homenagear os mortos.

 Em japonês, a palavra "lembrança" significa lembrar a pessoa que faleceu, enquanto se reflete sobre a aparência dela em vida e se lamenta sua morte.
O conteúdo principal envolve um sentimento de compaixão por aqueles que faleceram.

No entanto, é um tanto abrupto classificar aqueles que não têm mais vida como dignos de pena. Certamente, a vida é algo muito valioso para nós, os vivos.

No entanto, isso não significa que seremos felizes apenas por estarmos vivos.
Durante um congresso dos jovens budistas no mês passado, houve muitas discussões sobre "o que podemos aprender do budismo para vivermos melhor?".
Essa é uma pergunta comum entre os jovens com futuro pela frente.
Apesar de estarmos vivos, muitos de nós carregamos preocupações e sofrimentos.
Às vezes, a vida pode ser tão difícil que alguns até consideram terminar com ela, e infelizmente o suicídio é uma das principais causas de morte.

É difícil separar o sentimento de pena do ato de lembrar.
No entanto, é importante enfrentar sinceramente o verdadeiro motivo desse sentimento de pena.
O alvo desse sentimento não é a vida perdida, mas a "solidão que eu, eu mesmo, sinto" por ter perdido alguém querido.

Em outras palavras, a pessoa digna de pena sou eu que "está sentindo tristeza".
A magnitude da tristeza é diretamente proporcional à quantidade de felicidade que recebemos, e esse sentimento de lembrança se transforma em um sentimento de gratidão.

Por isso, a lembrança também é, essencialmente, um sentimento de gratidão.
Dizemos que lembrar os falecidos é sermos curados por Buda. A Cerimonia de embrança é um dia para receber a cura de Buda.

Viver com um profundo sentimento de gratidão por todos os encontros e pela própria existência é caminhar ao lado de Buda, e isso nos guiará a uma vida melhor.

Qual é a coisa mais infeliz para os seres humanos?
Pode ser a morte. No entanto, se sabemos que é algo que certamente acontecerá, não seria bom evitá-la?
Infelizmente, não podemos. A vida sempre chega ao fim.
Se a morte é inevitável para a vida que nasce, então a morte não é necessariamente infelicidade, mas sim algo planejado. Então, por que temos sempre uma imagem negativa associada à morte? Acredito que isso se deve, em grande parte, à maneira como a morte ocorre, especialmente o sofrimento e a dor. Portanto, será que tememos a dor do momento final?
No entanto, sabemos que a dor pode ser superada.
Se a questão da forma como morremos é analisada mais profundamente, ela se resume à compreensão que os outros têm dela.
Imagine isso. Uma vida que, após a morte, é vista como digna de compaixão versus uma vida que é admirada. Não se trata apenas de riqueza e fama conquistadas, mas de como estamos satisfeitos com a vida que levamos. Mas o que exatamente é uma vida satisfatória?
Essa é uma pergunta que parece não ter uma única resposta, pois varia de pessoa para pessoa. No entanto, há muito tempo, o Budismo da Terra Pura Jodo shinshu estabeleceu um único propósito para a vida. É o ato de decidir por si mesmo para onde ir após a morte, fazendo parte do vasto mundo do Amida Buda. O ensinamento do fundador Shinran é que iluminar a incerteza futura e seguir a vida com determinação é a coisa mais importante.

Dizem que você não deve hesitar após a morte, mas a verdade é que você já está perdido se não estiver olhando diretamente para frente enquanto está vivo.

Hoje, gostaria de falar sobre a mentalidade e preparação para o momento em que nos despedimos de entes queridos que partiram desta vida, olhando para isso sob uma perspectiva diferente. Espero que isso possa ser útil para futuros funerais e cerimônias religiosas.




Julho de 2023

Nascer Humano: O Desejo Egoísta e a Busca por Vergonha

Boa tarde a todos.
Hoje estamos aqui para uma cerimônia comemorativa, celebrando o novo começo do templo neste local. Portanto, gostaria de compartilhar algumas reflexões sobre nascermos como seres humanos.
Nossas vidas nascem neste mundo sem que saibamos. Acredito que ninguém nasce desejando ser humano. O corpo vem primeiro, e características como personalidade e conhecimento são adquiridas posteriormente. Mais especificamente, dizem que cerca de 30% das habilidades e traços de personalidade de uma pessoa são determinados pela genética, enquanto os restantes 70% são moldados pelo ambiente e interações.
Isso inclui a educação e o ambiente em que vivemos.
Isso pode ser facilmente compreendido através da história de uma criança criada por animais. No passado, uma criança que havia sido criada por lobos foi encontrada na Índia. Desde o seu nascimento, o menino foi levado por uma loba fêmea e criado por lobos até crescer. Quando ele foi reintroduzido na sociedade humana, não conseguiu abandonar o andar de quatro patas nem falar como um humano; ele ainda se comunicava através dos uivos dos lobos. Ou seja, geneticamente ele era humano, mas algo como "comportamento de lobo" foi incorporado nos 70% restantes. Por outro lado, nunca ouvi falar de um cachorro criado desde o nascimento por humanos que caminhasse em duas pernas e usasse palavras.

Isso significa que, dependendo de como somos criados, podemos nos tornar tanto humanos quanto animais.
Para se tornar humano, é necessário nascer como pessoa e estabelecer uma relação com os outros.
Então, o que significa viver como um ser humano?
Há uma expressão que diz:
"Um cachorro raramente faz algo que não seja como um cachorro, enquanto os humanos frequentemente fazem coisas que não são como humanos.
Quando uma formiga encontra algo doce, ela sempre o leva de volta ao formigueiro, enquanto os humanos secretamente tentam comer sozinhos."

Essa frase é inspiradora e nos faz pensar. O que significa ser humano? Por exemplo, quando lambemos o prato durante a refeição, somos repreendidos por parecermos cachorros. Então, será que usar hashi (palitos) ou faca e garfo para comer é o que torna uma pessoa mais humana? No entanto, existem muitos países onde as pessoas comem apenas com as mãos.

"O ato de secretamente comer algo doce sozinho" talvez seja a atitude mais humana. É viver de acordo com seus desejos egoístas, colocando-se em primeiro lugar. No entanto, não chamamos isso de "humano". Chamamos essas pessoas de "astúcia". Talvez o que sentimos quando dizemos que alguém vive como um ser humano seja saber o que é "vergonha".

Se falarmos sobre a essência humana, penso que é algo que tem o desejo egoísta de satisfazer seus próprios desejos, querendo apenas o melhor para si mesmo. No entanto, também sabemos que viver apenas de acordo com os desejos é vergonhoso. Portanto, reprimimos nossos desejos e vivemos considerando os outros. É assim que sentimos que alguém está vivendo como um ser humano. No budismo, essa vergonha é chamada de "sentimento de vergonha".

Shinran Shonin dividiu essa "sentimento de vergonha" em três partes:
1. Não cometer erros por conta própria e não fazer com que os outros cometam erros.
2. Ter uma sentimento de vergonha em relação a si mesmo e demonstrar isso aos outros.
3. Ter uma sentimento de vergonha em relação ao mundo e aos budas.

Aqueles que possuem essa sentimento de vergonha são chamados de "seres humanos", enquanto aqueles que não a possuem são chamados de "animais". Em outras palavras, só podemos nos tornar humanos até certo ponto com nossos próprios esforços.

Existe um ditado que diz: "Sendo nascido por humanos, tornamo-nos humanos; sendo desejado por Buda, tornamo-nos Buda".

Nossas vidas são desejadas por Buda Amida para que possamos nos tornar budas. E Buda Amida, com todos os seus desejos, trabalhos e méritos, nos transmitiu tudo isso através da recitação do Nembutsu ("Namu Amida Butsu"). Ouvir o Dharma significa que estamos sendo criados por Buda Amida. Juntar as mãos significa que temos um lugar para refletir sobre nós mesmos.

É difícil para as pessoas se autoreflexionarem diante dos outros. Acho que uma briga entre marido e mulher é um bom exemplo disso. Mesmo sabendo que está errado, é difícil pedir desculpas sinceramente. No entanto, de alguma forma, quando nos sentamos diante de Buda, podemos refletir sobre nós mesmos de maneira sincera.
Podemos ver nossa própria imagem claramente. Podemos ver claramente que estamos colocando a culpa no outro.
Ter tempo para juntar as mãos diante de Buda em nossa vida significa ter tempo para se autoreflexionar.
Autoreflexão não significa apenas arrependimento. Significa refletir sobre tudo, tanto coisas boas quanto ruins, coisas alegres e tristes.

Embora estejamos ocupados com trabalho, estudo e diversão, vamos encontrar tempo para juntar as mãos diante de Buda em nossa vida cotidiana.




Junho de 2023

Homenagem aos Imigrantes e a Lição das Carpas: A Fragilidade do Humanismo

Boa tarde a todos.
Primeiramente, gostaria de fazer uma homenagem em Ofício Memorial dos Pioneiros Imigrantes na Comemoração dos 115 anos da Imigração Japonesa no Brasil.

Hoje, nesta cerimônia em memória dos imigrantes: "Encontro para recordar os japoneses que migraram para o Brasil", gostaria de prestar minhas sinceras homenagens às pessoas que corajosamente deixaram sua terra natal e se esforçaram para construir uma nova vida neste país, enfrentando um mundo desconhecido. Ao aprender com suas realizações e transmiti-las às gerações futuras, prestamos nossa homenagem aos nossos antepassados. Ao cultivarmos as sementes que eles deixaram em nossos corações, como humildade, paciência, diligência e cooperação, podemos construir um futuro brilhante para as próximas gerações. Expressamos nossa profunda gratidão.

Agora, gostaria de compartilhar uma história sobre os ensinamentos da escola Jodo Shinshu.

Hoje, vou apresentar a história do Rev. Tokunaga, ex-reitor da Escola de Estudos Preliminares da Jodo Shinshu Honganji. A escola de estudos preliminares é uma instituição que avalia se os escritos do líder religioso estão corretos em termos de doutrina e reúne os estudiosos mais respeitados dentro da seita.

Algumas pessoas podem pensar que as palestras do professor de estudos preliminares são muito difíceis, mas as palestras do Rev. Tokunaga são sempre muito gentis, claras e maravilhosas. Então, vamos apresentá-las imediatamente. Esta história aconteceu na casa do Rev. Tokunaga.

No jardim da meu Templo em Quioto, há um lago onde vivem cerca de vinte carpas coloridas. Todos os anos, no início do verão, as carpas colocam muitos ovos, mas a maioria dos ovos ou alevinos acaba sendo comido por outras carpas, e apenas algumas delas aparecem escondidas entre as plantas aquáticas ou pedras no outono. É realmente triste pensar que a maioria dos ovos e alevinos que nasceram em centenas ou milhares são devorados.

Portanto, este ano, peguei os ovos junto com as folhas de palmeira onde foram depositados e os coloquei em outro tanque. Com medo das mudanças no ambiente, fiz isso com muita apreensão. No entanto, alguns dias depois, em uma noite, quando olhei para o tanque com uma lanterna, fiquei surpreso. Em vez de terem sido completamente destruídos, centenas ou talvez até milhares de alevinos tinham eclodido. Fiquei maravilhado com o mistério da vida que a natureza cria.

Após um tempo, os alevinos cresceram e ficaram grandes demais para o tanque. Ainda não podíamos soltá-los de volta ao lago original, pois eles seriam devorados pelos peixes adultos em pouco tempo. Portanto, os colocamos em um grande tanque de plástico. Isso aconteceu há apenas dois ou três dias. Os alevinos mostram diferentes tamanhos e estágios de crescimento, mas até agora todos estão nadando saudavelmente.

O que eu quero dizer aqui não é que salvei a vida de centenas de alevinos que, se os deixássemos, seriam comidos por outros peixes. Na verdade, meu pensamento agora é o oposto, questionando se não fiz algo desnecessário. Ou seja, se eu esperasse até que esses alevinos crescessem o suficiente para não serem comidos pelos peixes adultos e os devolvesse ao lago original, isso provavelmente destruiria o ecossistema do lago em pouco tempo, afetando centenas de novos peixes. Se centenas de peixes adicionais fossem introduzidos além dos cerca de vinte peixes atuais, provavelmente todos seriam eliminados, incluindo os peixes originais.

Minha intenção de salvar as vidas dos centenas de alevinos que certamente desapareceriam se os deixasse, agora se tornou um problema que pode levar ao colapso. Talvez meu ato, que eu acreditava ser bem-intencionado, fosse apenas um humanismo frágil quando visto sob as leis naturais.

Em suma, o amor que eu sentia pelos alevinos era apenas unilateral, e eu não percebi que havia consequências negativas. No lago do meu jardim, as leis naturais também estão em ação, e minha ação, embora tenha surgido de boas intenções, ignorou essas leis naturais.

Através dessa experiência, pude compreender a verdadeira intenção do Santo Parente Heron mostrando que nossos cálculos superficiais, que adicionam nossos próprios pensamentos à maravilhosa ação do poder da Fé Única, são inválidos.

Acredito que o Santo Parente nos ensinou que, mesmo que eu pense que não posso ser salvo ou que tudo ficará bem porque ouvi e recitei o Nembutsu, nossos cálculos egoístas estão sempre acompanhados de consequências negativas. Além de qualquer benefício ou prejuízo que eu possa imaginar, a grande compaixão da Fé Única brilha sobre mim, sem sombras, ou seja, sem cálculos, alcançando-me.

Falou a partir da sua própria experiência, mostrando que, por muito boas que pensemos ser as nossas acções, elas não são necessariamente "boas para todos".

A essência do budismo é olhar objetivamente para as coisas, de todas as perspectivas, e compreender sua verdadeira natureza. Por isso, o Buda shakamuni quem nosso fundador budico deixou muitos ensinamentos nos sutras.

Dentro da seita à qual nosso templo pertence, chamada Jodo Shinshu, valorizamos a compreensão da essência das coisas através da vida do nosso fundador Shinran. Existe o conceito de "lei de causa e efeito", que nos faz observar calmamente que sempre há uma causa por trás dos resultados.

Em outras palavras, não confiamos em orações ou adivinhações sem fundamentos.

Além disso, não atribuímos nossas conveniências ou inconveniências à responsabilidade de deuses ou espíritos. Viver em harmonia com a realidade do mundo conforme ela é, baseado nesses princípios, é o espírito do Jodo Shinshu, e é o "orgulho dos discípulos" que seus antepassados transmitiram ao longo das gerações até chegarem a esta terra sul-americana. Espero que, ao compartilharmos essa história juntos, possa ser uma oportunidade para nós, que vivemos na sociedade contemporânea, refletirmos sobre várias coisas.

A propósito, o que aconteceu com os carpas mencionados nessa história?

Quando tive a oportunidade de conhecer o professor Tokunaga pessoalmente, ele me perguntou: "Você tem alguma pergunta?" Embora não estivesse relacionado ao conteúdo da palestra, fiz uma pergunta.

Foram libertados num grande rio da cidade se chama rio kamo durante a noite. Não sei se isto é bom ou mau. Se for uma coisa má, então afectará a ecologia de Quioto pelos sumos sacerdotes da seita Jodo Shinshu e será uma questão de bom nome para a seita, por isso, por favor, mantenha-a em segredo. assim encerro minha palavra.




Contato
Templo Honpa Hongwanji de Mogi das Cruzes
    
Rua Padre Albino Bareta, 01 - Parque da Varinhas
Mog das Cruzes, SP - Brasil
CEP08753-340
Tel:(11)4799-0530

47654975000105