Templo Mogi
Funeral de
emargencia


Pequena conversa sobre budismo



Hoonko - O Encontro que Une Ancestrais, Futuro e a Presença de Buda

novembro de 2025

Hoonko - O Encontro que Une Ancestrais, Futuro e a Presença de Buda

Hoje, realizamos a celebração do Hoonko, a cerimônia mais importante da nossa escola Jodo Sinhô, lembrando do nosso Fundador, Mestre Shinran, e dos nossos entes queridos. Hoonko significa, na verdade, “Encontro de Pessoas Gratas”. Muitos de nós têm a dúvida: “Afinal, o que significa vir ao Templo e participar de uma cerimônia?” Hoje, eu gostaria de falar sobre o quanto a sua atitude e presença têm um grande significado para o futuro do nosso mundo. Primeiro, vamos pensar em como tudo começou, na atitude de Mestre Shinran. Quando o Mestre Shinran fundou a nossa escola, e quando os mestres das gerações seguintes organizaram as nossas cerimônias de Hoji, a atitude deles era de extrema compaixão e cuidado: “Vamos criar um sistema onde qualquer pessoa possa ser salva, e que este sistema continue funcionando pela eternidade”. Ou seja, o Hoonko é o começo dos nossos “Hojis” na Jodo Shinshu, e representa o grande projeto de compaixão de Mestre Shinran para levar a certeza e a paz a todos no futuro.

A força do Buda Amida, nosso objeto de devoção, não é uma força mágica, mas sim a “Força da Conexão Honrada que Une as Pessoas”. O sentimento de ajuda mútua e a união que nascem nos eventos do Templo são expressões da compaixão de Buda, e a Presença de Buda já está em toda a parte ao nosso redor. Mestre Shinran nos deu essa mensagem de Buda Amida na forma de um “Ensinamento” concreto. Por isso, a gratidão (Ho-on) se manifesta ao entrarmos em contato com a grande compaixão de Buda Amida através da nossa cerimônia de Hoji.

Então, como esta sua atitude de gratidão se conecta com a saudade dos nossos entes queridos? Para entender isso, vamos pensar um pouco sobre a nossa própria existência. O “Eu” que está aqui agora, neste momento, não é uma pessoa isolada. É um lugar especial onde se encontram, ao mesmo tempo, “os nossos ancestrais que já se foram” e “as vidas futuras que ainda não nasceram”. São pessoas que não estão fisicamente aqui, mas se unem em você. O verdadeiro significado do ensinamento que Mestre Shinran nos deixou – “Nan Man Dabu” – não era para que cada um se salvasse individualmente. Sua atitude de vir ao Templo hoje significa que você está garantindo a paz dos seus ancestrais e de todas as pessoas que viverão no futuro. Tudo está conectado, e nada está separado. A sua participação é um ato muito nobre, que salva não apenas os seus entes queridos, mas todo o futuro do mundo. O Buda não é um ser distante, mas sim a Presença que une todas as vidas ao nosso redor. E a sua participação no Hoji é a maior forma de gratidão a Mestre Shinran, que nos mostrou que você e todas as futuras gerações estão ligadas a esta Presença de Buda.

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Eitaikyō O Revezamento da Vida em Gratidão

outubro de 2025

Eitaikyō O Revezamento da Vida em Gratidão

Boa tarde a todos. É com grande alegria que lhes damos as boas-vindas a esta Cerimônia de Sutras Eternos, o Eitaikyō. Hoje, dedicamos nosso tempo e reverência aos ensinamentos de Buda que, como luz, continuam a nos guiar, enquanto honramos a memória daqueles que já partiram. O Eitaikyō é um momento precioso de gratidão, no qual reconhecemos que a Luz da Lei de Buda continuará a iluminar nosso caminho, agora e para sempre.

Através da despedida de nossos entes queridos, somos lembrados de que esta nossa vida não é eterna. Tudo neste mundo está em constante transformação; nada permanece o mesmo. A própria essência do mundo em que vivemos é esta contínua mudança. Não há vida eterna neste mundo, o que significa que, um dia, todos nós encontraremos o fim que chamamos de morte.

É por isso que sentimos tanto apreço e apego a este momento fugaz que chamamos de "agora". E sentimos uma profunda ansiedade sobre para onde irá este amor que está em nossos corações, este sentimento por alguém tão precioso, após a morte. No entanto, mesmo este apego e esta ansiedade serão acolhidos pela Luz de Buda Amida, e há um mundo de grande e inabalável Segurança esperando por nós.

Em muitas religiões, as pessoas expressam sua gratidão pelas bênçãos divinas oferecendo seus bens mais valiosos. Em nosso caminho budista, especialmente aqui no Eitaikyō, nossa forma de receber e expressar isso é um pouco diferente. Nós acolhemos em nossos corações as pessoas queridas que partiram deste mundo como aquelas que já se tornaram Budas.

Acreditamos que o maior presente que estes Budas nos deixaram é o tempo precioso que vivemos juntos. E nós, vivos, lembramo-nos com imenso carinho das memórias calorosas, dos ensinamentos e do tempo que compartilhamos com eles. Sustentar a presença deles em nossa memória — que é a vida temporária que lhes oferecemos — e transmitir suas histórias continuamente é a maior demonstração de respeito e gratidão que podemos oferecer a eles.

O termo Eitaikyō significa, literalmente, que o sentimento caloroso de carinho das pessoas que se lembram dos falecidos permanecerá eternamente neste mundo, mesmo após a vida deles. E este sentimento é como um revezamento passado de vida em vida, entregue cuidadosamente à próxima geração e ao futuro. Esta cerimônia é um ato de gratidão pela própria conexão da vida.

É um ato de grande nobreza e importância, nascido desta compaixão, continuar a chama do Darma para sempre com gratidão.
"Eu estou vivendo esta minha vida com grande valor."
Que este pensamento ressoe nos corações de todos aqui presentes.

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O que é que somos?

setembro de 2025

O que é que somos?

Nós, seres humanos, sentimos a felicidade e a tristeza. E mesmo com o coração mudando a cada momento, o nosso "eu" continua. Ele está sempre lá. O nosso coração, que sente tantas emoções, tem espaço para tudo. E esse espaço que parece tão nosso, é, na verdade, um espaço que é cada um de vocês.

Vocês são o lugar sagrado onde os antepassados que já partiram, e os descendentes que ainda nem nasceram, se encontram. O passado e o futuro, que nunca estão juntos, se conectam em cada um de vocês. A vida é uma linha que nunca se quebra, transmitida dos seus antepassados. E é através de vocês que essa linha vai continuar para os seus descendentes.

Vocês não estão sozinhos. A nossa existência é feita de pessoas. No budismo, usamos o nenju como uma ferramenta sagrada. Pensem nas contas. Essas contas têm buracos. E esses buracos só existem por causa das outras contas ao redor. Elas se tocam e se sustentam.

Vocês são como esses buracos. A forma e a personalidade de vocês são feitas pelas pessoas ao seu redor: a sua família, os seus amigos, os vizinhos. São eles que dão a vocês o significado. Mas e se o buraco em si for o que permite a conexão entre as contas?

Essas pessoas mudam. Pessoas amadas partem, mas outras novas chegam. As pessoas que perdemos, elas simplesmente desaparecem para sempre? Nós sentimos um vazio, uma ausência.

O que realmente precisamos entender é que, na tristeza da perda, há algo que não foi perdido. Não é a pessoa, mas é o amor. O amor de quem se foi ainda está em vocês. As memórias quentes que temos. Esse amor não desaparece, ele fica em vocês, transformando o vazio em um calor.

Buda nos ensina que esse amor se transforma em uma força ainda mais poderosa, chamada compaixão. A tristeza, então, não é um inimigo. Ela se torna uma oportunidade para perceber esse poder. A compaixão que sentimos pela perda pode ser a mesma que sentimos pelos outros.

Nós podemos fazer da compaixão parte de nós. Podemos espalhar a bondade para outras pessoas. Transformar a tristeza em gratidão e gentileza. Esse é o caminho. É a forma de honrar quem partiu e, ao mesmo tempo, de viver uma vida mais rica.

Nós não existimos sozinhos. Somos uma teia de conexões. E essa conexão, que existe mesmo na perda, é a sabedoria que nos salva e torna a vida mais completa.

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A Luz da Compaixão de Amida e o Reencontro na Terra Pura

agosto de 2025

A Luz da Tiotin, O Sinal do Coração

Sejam todos muito bem-vindos a esta cerimônia de Obon. Por favor, contemplem estas Tiotins que preenchem nosso templo. Esta é uma paisagem de imensa beleza, que se manifesta apenas neste dia de encontro. É a materialização do sentimento sincero que cada um de vocês dedica aos seus entes queridos que já partiram. Todos nós vivemos carregando uma tristeza inevitável em nossos corações. A dor de perder alguém que amamos nunca desaparece por completo. O templo é um lugar onde podemos, com segurança, nos conectar em espírito com os que se foram, sem precisar esconder essa dor.

Bem, por muito tempo se disse que estas lanternas são um "guia" para que nossos antepassados possam voltar sem se perder. Mas será que é realmente assim? Nossos antepassados, que se preocupam conosco mais do que ninguém, não poderiam ser seres tão frágeis a ponto de se perderem sem esta luz. Lembrem-se da nossa infância. Éramos sempre nós, as crianças, que estendíamos as mãos desesperadamente para não nos perdermos de nossos pais. O olhar de nossos pais, no entanto, nunca se desviou de nós, nem por um único instante.

O olhar de nossos antepassados é exatamente o mesmo. Seja nos momentos de alegria ou de tristeza, esse olhar caloroso está sempre voltado diretamente para nós. Pensando assim, estas lanternas não são um "guia" para os nossos antepassados. Elas são, na verdade, um "sinal" para que nós possamos perceber esse olhar que nunca muda. São a nossa gratidão e a nossa promessa, dizendo: "Nós jamais nos esqueceremos de vocês".

Manter esta tradição em uma terra distante é um ato de coração muito nobre. É o que conecta nossos antepassados a nós, e a nós aos nossos filhos e netos do futuro. Cada uma destas luzes, oferecidas por vocês, é a materialização do nosso desejo comum de passar este laço valioso para as próximas gerações. Através dos ensinamentos do Buda Amida, eu desejo compartilhar esta percepção com todos vocês. Que o olhar caloroso com que nossos antepassados cuidam de nós é, em essência, a própria luz da compaixão do Buda Amida, que ilumina a todos, sem distinção.

Portanto, por favor, sintam-se em paz. Nós nunca estamos sozinhos. Neste dia sagrado, encontrem-se silenciosamente em seus corações com aquela pessoa mais querida que desejam rever. Nós somos, a todo momento e em todo lugar, acolhidos por uma grande luz. Vamos agradecer do fundo do coração por este precioso encontro.

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A Luz da Compaixão de Amida e o Reencontro na Terra Pura

julho de 2025

A Luz da Compaixão de Amida e o Reencontro na Terra Pura

Hoje, nos reunimos em frente ao altar do Buda Amida para esta cerimônia, um momento sagrado de encontro. Ao unirmos nossas mãos em gassho, não apenas honramos uma tradição, mas também abrimos nossos corações para a luz da compaixão, recordando com profundo respeito os nossos falecidos. Em nossa tradição Jodo Shinshu, aprendemos uma verdade libertadora: não somos salvos por nossos próprios méritos, pela nossa bondade ou por nossos esforços. Somos todos seres imperfeitos, bombu, carregando nossas dúvidas, nossos medos e nossos erros. Mas a luz infinita da compaixão do Buda Amida brilha sobre todos, exatamente como somos, sem exigir nada em troca. O Voto Original de Amida é a promessa absoluta de que ninguém, sem exceção, será abandonado.

Quando recitamos o Nembutsu, "Nan Man Dabu", não estamos pedindo por salvação ou tentando acumular méritos. O Nembutsu é a própria compaixão de Amida se tornando voz através de nós. É a nossa resposta de gratidão, um simples "obrigado" por sermos acolhidos e abraçados incondicionalmente, assim como somos. nossos entes queridos que partiram não estão em um lugar distante e inalcançável. Eles já renasceram na Terra Pura, O Jodo, o mundo de luz e sabedoria, onde todas as dores cessam e onde eles se tornaram Budas.

De lá, eles não apenas descansam, mas nos envolvem com sua sabedoria e serenidade, guiando-nos e protegendo-nos. E nós, quando nossa jornada neste mundo terminar, temos a certeza de que também seremos recebidos na mesma Terra Pura. Portanto, esta cerimônia não é um adeus melancólico, mas um reencontro alegre na luz do Buda. É a confirmação de que os laços que nos unem são tecidos pela compaixão de Amida e transcendem a vida e a morte. Que possamos viver nossos dias com a profunda tranquilidade e a imensa gratidão que vêm da confiança total no Voto de Amida.

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Essence of Jodo Shinshu, connection, hope, Brazilian winter, arrival of Japanese immigrants

junho de 2025

A essência da Jodo Shinshu smor conexão e esperança na terra brasileira

Agradeço sempre a constante atenção de todos. As palestras desta Escola Jodo Shinhu sempre trazem mensagens sobre nosso modo de viver. Missa do hoje é um dia memorável, que marca o início das atividades do japoneses no Brasil, com a chegada dos primeiros companheiros do Japão.

Então hoje falarei sobre a essência de nossos ensinamentos do Escola Jodo Shinshu. O ponto central é a imensa e profunda compaixão do Buda Amida. Ele salva todas as pessoas, sem exceção, guiando-as à Terra Pura. Após esta vida, não ficaremos sozinhos, mas seremos acolhidos em seu mundo de paz. Essa salvação não vem de nosso esforço, mas do grande poder de Amida. Recitar o Nembutsu, "Nan Man Dabu", é o ato de aceitar essa compaixão e sentir nossa conexão com o Buda.

Em seguida, valorizamos a conexão com os que partiram. Em eventos como ceremonia do hoje ou Obon, lembramos dos falecidos para expressar gratidão. Recordá-los não é apenas lamentar, mas reconfirmar o amor e os ensinamentos que recebemos, transformando-os em força para viver. Suas memórias e exemplos devem viver em nós e ser passados às futuras gerações. O ensinamento também se baseia na impermanência da vida e na ideia de que tudo está interconectado.

Em meio aos encontros e despedidas que formam nossa vida, é vital compreender o valor de nossas relações e da conexão entre todos os seres. Acima de tudo, está o coração de "compaixão". Alegrar-se com a felicidade alheia e acolher a dor do outro como se fosse nossa nos conecta ao coração do Buda. A verdadeira alegria não está em buscar a própria felicidade, mas em agir para o bem dos outros. No dia a dia, praticamos a autorreflexão e vivemos com gratidão e sinceridade. Todos esses ensinamentos nos guiam pelo caminho da fé na salvação de Amida, vivendo com o Nembutsu. Essa fé nos oferece esperança e paz de espírito diante dos sofrimentos da vida.

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Connection of life, family memory, gratitude, Gotan-e (Shinran's birth)

maio de 2025

A vida que nos conecta memória família e gratidão

Hoje celebramos o Gotan-e, o nascimento do nosso fundador, o Mestre Shinran. Hoje, como expressam os sentimentos contidos em seus ihai que trouxeram, é também um tempo para recordar nossos entes queridos que partiram. O Mestre Shinran nos transmitiu a imensa compaixão do Buda Amida, que acolhe a todos, sem exceção. Esta compaixão transcende o tempo e se derrama sobre todos os seres.

Hoje, reflitamos sobre os "laços da vida". Quando é que a existencia de uma pessoa realmente desaparece? Não é com a morte do corpo, mas sim quando não há mais ninguém que a recorde, quando ela é esquecida. Então, quando a existência começa? Não é no momento do nascimento, mas muito antes. Começa no caloroso sentimento de expectativa e nos votos de felicidade daqueles que anseiam por seu nascimento. A existência termina quando é esquecida, e começa quando é desejada.

Nossas vidas se expandem para além do tempo. Tendo como centro o nosso ser que vive o "agora", nossos ancestrais e descendentes existem simultaneamente. O núcleo que conecta esses laços da vida, que se estendem do passado ao futuro, especialmente as memórias daqueles que partiram, é a família. Reunir-se com os tabletes memoriais em mãos é um testemunho do amor pelos falecidos e do juramento de "não esquecer". Gravamos seus nomes nos tabletes e os recordamos diariamente. Transmitir as lembranças e os ensinamentos dessas pessoas dentro da família é entregar um tesouro espiritual inestimável para as próximas gerações.

Manter vivo diariamente este sentimento de recordação está ligado a viver cada dia com esmero e sinceridade.

A importância dessa continuidade também pode ser vista na postura dos pioneiros issei, que vieram do Japão. Em meio a dificuldades, eles perseveraram com esforço constante e estabeleceram as fundações de suas vidas. Essa "continuidade" diária é o alicerce para o desenvolvimento futuro.

Entre nós, há aqueles que herdam o sangue de seus antepassados e aqueles que se afeiçoaram à cultura japonesa. A seriedade, a honestidade, a compaixão e o sentimento de gratidão demonstrados por nossos pioneiros não são meros costumes antigos, mas sim "raízes" importantes que transcendem países e culturas, essenciais para uma vida plena. Tomar consciência dessas raízes e viver o dia a dia com sinceridade, esmero e gratidão. Essa perseverança constante enriquece nossa comunidade e ilumina nossas vidas. E a nossa postura de seguir em frente com firmeza é a maior expressão de gratidão aos que partiram, e certamente lhes trará paz.

O Mestre Shinran nos revelou que somos todos infalivelmente acolhidos pelo Buda Amida. A luz da compaixão do Buda Amida se derrama igualmente sobre os que partiram, sobre nós que vivemos o presente e também sobre as futuras gerações.

Guardar no coração os que partiram, agradecer pelos laços familiares e trilhar com esmero o dia a dia rumo ao futuro. Nessas ações reside uma forma de viver que corresponde ao desejo do Buda Amida. Ao recitarmos o "Nan Man Dabu", sentimos a conexão com aqueles que se foram e com o Buda Amida, e somos preenchidos por gratidão.

Por favor, guardem no coração este precioso encontro de hoje, e perseverem no sentimento de recordar os entes queridos e na determinação de viver cada dia com sinceridade. Essa continuidade nos sustentará e será a força que tornará este lugar ainda melhor.

Muito obrigado por sua presença hoje.

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Life as a series of farewells, impermanence, cherry blossoms

abril de 2025

A vida é uma sucessão de adeus

Hoje, nesta missa, celebramos o nascimento de Buda Shakyamuni, o fundador do Budismo. Ao celebrarmos o início da vida, refletimos sobre sua transitoriedade e a inevitabilidade da despedida. A vida é um fluxo de encontros e despedidas, como as cerejeiras que florescem e dispersam suas pétalas. O encontro com quem amamos é precioso justamente por ser passageiro.

Recentemente, vivenco um "adeus" sentido com a partida de um membro do Otera como kutyo do cocuera3, que por muitos anos ajudou nos. Essa experiência nos convida a refletir sobre a despedida em nossas vidas.

Somos cercados por "adeus" de todos os tipos, desde um simples "já vou" até separações que marcam a alma. Cada despedida abre um espaço em nós, de vazio, gratidão, alívio ou esperança, refletindo a intensidade dos laços e experiências compartilhadas. Como as cerejeiras perdem suas pétalas para dar lugar a novas folhas, as pessoas seguem seus caminhos. Essa é a ordem natural da existência, um fluxo que nos conecta a tudo.

A partida causa dor, eco do amor e valor que dedicamos. A alegria compartilhada se transforma em lembranças preciosas, filtradas pela saudade. A ausência física não é o fim.

Diante da dor, acolhamos a tristeza. Unamos nossas mãos em silêncio e oração, buscando conforto e paz. (Breve pausa)

Para concluir, compartilho um poema japonês:

[Aceite esta taça, último brinde da amizade,
Que transborda meus sentimentos.
Tal como as flores em plena beleza
São dispersas pela tempestade.
A vida é uma sucessão de adeus.]

Que a beleza dos encontros e a força da lembrança nos guiem. Que cada "adeus" nos lembre do tempo compartilhado e nos inspire a viver com mais intensidade e amor. Obrigado.

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First sermon, deer park, interconnectedness, nature's truth

março de 2025-2

Ecos de uma terra distante, a canção da vida

O que Aconteceu na Serena Floresta Onde os Cervos se Reuniam. Há muito tempo, em uma exuberante floresta da Índia, havia um lugar onde os cervos se reuniam naturalmente. Certo dia, um jovem, após profunda meditação sob a sombra de uma árvore, despertou para a verdade do mundo.

Ele começou a falar sobre essa verdade aos cervos que ali estavam, como se estivesse conversando com eles. As pessoas chamam esse evento de "o primeiro sermão".

O que os Antigos Indianos Viam nos Cervos

Por que cervos estavam presentes no local do primeiro sermão?

Na Índia antiga, os cervos eram seres especiais. Diferentemente dos elefantes, fortes e por vezes símbolos de poder, os cervos representavam a serenidade, a beleza e a pureza da própria natureza.

Talvez as pessoas vissem na figura do cervo a harmonia com a natureza e um estado de espírito pacífico.

O Mundo é "Mutável" e "Interconectado"

O jovem falou sobre o mundo da seguinte forma:

  • "Todas as coisas não existem independentemente, mas em relação umas com as outras."
  • "Todas as coisas estão em constante mudança, nada permanece."

O mundo que vemos é como o fluxo de um rio, sempre mudando de forma, e todas as coisas estão interligadas, influenciando-se mutuamente.

A essência daquele que personifica a verdade (as pessoas o chamavam de "Tathagata") é essa própria natureza de "mudança e interconexão". Ondas, vento, cervos, humanos, todos são fenômenos preciosos que surgem e desaparecem dentro desse grande fluxo.

O que Significa "Ouvir o Ensinamento"? – A Disposição do Coração

Então, o que significa "ouvir o ensinamento"?

Não se trata apenas de compreender palavras. É abrir o coração à verdade do mundo (que todas as coisas mudam, estão interconectadas e não permanecem), senti-la e praticá-la no dia a dia.

Os cervos e outros animais, que vivem em seu estado natural, de certa forma, já estão em sintonia com essa verdade. Por outro lado, nós, humanos, muitas vezes nos apegamos aos nossos próprios desejos e apegos, afastando-nos dessa conexão. Então, mesmo que tenhamos a forma humana, nossos corações podem estar insatisfeitos e vagando sem rumo.

A Verdade na Natureza Humana

O jovem que despertou para essa verdade também era humano como nós. Sentia fome e comia, sentia cansaço e descansava, e às vezes até se zangava.

Mas todas essas eram expressões naturais da humanidade. Ele valorizava o "caminho do meio", evitando extremos.

Há verdade no "viver como se é". Isso se assemelha à forma como os cervos e outros animais vivem naturalmente, seguindo seus instintos.

E, então, o "Dharma"

A verdade que esse jovem falou e o modo de vida que surgiu dela... Mais tarde, as pessoas passaram a chamar isso de "Dharma".

Este jovem é Siddhartha Gautama, que mais tarde se tornaria o Buda, o fundador do budismo.

O Dharma é um ensinamento aberto a todos os seres vivos, não apenas aos humanos. É uma filosofia profunda que transcende uma visão de mundo centrada no homem e expressa em palavras a ressonância de toda a natureza.

―― Espero que esta pequena história seja o "primeiro passo" para trazer um novo sopro aos corações do todos. E que o "primeiro sermão", que os cervos ouviram há muito tempo, ecoe através do tempo e do espaço, ressoando em seus corações como um chamado à busca pela verdade.

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A mirror of the soul, compassion, inner state reflecting outer appearance

março de 2025

Um Espelho da alma

Gostaria de convidá-los a uma breve introspecção. Imaginem-se diante de um espelho. Quem se reflete ali? A resposta reside não apenas nas feições, mas também na postura, no olhar. Assim como nosso corpo revela nossos hábitos, nossos gestos involuntários podem indicar a paz ou a turbulência de nossa alma.

Observem as pessoas ao seu redor. Aqueles que cultivam a alegria interior muitas vezes a irradiam em suas saudações calorosas, em seus sorrisos sinceros. Por outro lado, a infelicidade pode se manifestar na ausência de um aperto de mão firme, de um sorriso genuíno.

Não devemos julgar superficialmente, mas a nossa aparência e a dos outros são portais de informações valiosas, um primeiro contato que inegavelmente causa impacto. Os antigos sábios, observando atentamente o exterior, buscavam desvendar a essência interior, muitas vezes invisível aos olhos.

A forma como nos apresentamos influencia não só a percepção dos outros sobre nós, mas também a nossa própria. Sentem falta de confiança? Tentem corrigir a postura, andar com a cabeça erguida. O coração está pesado? Esforcem-se em esboçar um sorriso suave. Buscam a felicidade? Cumprimentem as pessoas com alegria e entusiasmo.

Mesmo um sorriso simples, oferecido com sinceridade, pode ser um alento inesperado para alguém que enfrenta um dia difícil. Ainda que seus próprios problemas persistam, seu sorriso pode iluminar momentaneamente o caminho de outra pessoa.

A dedicação em buscar a felicidade alheia não é um esforço vão, um sacrifício perdido. "Alguém sempre observa", diz um antigo provérbio. Alguns chamam essa presença de Deus, outros de Buda, outros ainda de uma força maior que nos conecta.

Povos antigos reverenciavam o sol como fonte de luz e vida. Em nossa tradição da Terra Pura, chamamos essa força benevolente de "Buda", aquele que nos observa com compaixão e celebra aqueles que se dedicam ao bem-estar de todos. Todos nós almejamos a felicidade plena, mas sabemos que ela é efêmera, pois tudo neste mundo é impermanente, está em constante mudança.

Em vez de buscarmos apenas a nossa própria felicidade, que tal aspirarmos à felicidade de todos os seres? Quando cada um de nós deseja sinceramente a felicidade dos outros, naturalmente, todos desejarão a nossa. No Budismo, esse sentimento profundo de desejar o bem-estar de todos é chamado de "compaixão", a própria essência do coração de Buda.

Hoje, muitos de vocês vieram a este lugar para orar por seus entes queridos que partiram. Que, a partir desse nobre sentimento de saudade e amor, vocês possam receber em seus corações a compaixão de Buda e estendê-la a todos os seres que sofrem neste mundo. Que essa energia de bondade se irradie de vocês para todos os lados.

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Light in the darkness, finding hope in sorrow, autumn approaching

fevereiro de 2025

A Luz na escuridão

Em breve, o calor do verão dará lugar aos ares do outono. É uma época de mudanças de temperatura, por isso, cuidem-se bem e aproveitem cada dia. Hoje, gostaria de compartilhar com vocês uma reflexão sobre os dois valores opostos que sempre existem em nossos corações, perece que: o bem e o mal, o positivo e o negativo.

Às vezes, é justamente por nos perdermos na escuridão que a beleza do brilho da luz se torna ainda mais intensa. Isso nos mostra que, em nosso dia a dia, é por passarmos por momentos de dor e tristeza que conseguimos apreciar a alegria e a felicidade com mais profundidade, não é mesmo?

Conhecer a dor da perda de alguém que amamos faz com que o calor e a importância de quem está ao nosso lado toquem nosso coração de forma especial.

Em certos momentos, a felicidade pode parecer algo distante, principalmente quando estamos no fundo do poço. No entanto, o mundo é vasto e cheio de coisas que nos envolvem.

Quando sentimos que estamos no fundo do poço, é quando o mundo nos mostra o quão amplo ele é e quantas possibilidades existem.

Em nosso cotidiano, vemos, ouvimos e aprendemos muitas coisas.

Porém, assim como ler as palavras não significa compreender seu verdadeiro significado, a verdade do mundo sempre se revela a nós, mas talvez nós é que não estejamos prestando atenção.

Muitas vezes, estamos tão presos aos nossos próprios valores e crenças que acabamos nos distanciando da verdade.

A resposta pode estar bem diante de nossos olhos, mas simplesmente não a notamos.

Os ensinamentos budistas nos ajudam a "despertar" para enxergar a verdade.

Esses ensinamentos não são algo extraordinário, mas sim algo que sempre esteve ao nosso lado, guiando-nos.

Abram seus corações e olhem ao redor.

Tenho certeza de que vocês descobrirão uma luz que antes passava despercebida. E essa luz irá envolvê-los com seu calor e mostrar o caminho a seguir.

Agradeço de coração por podermos compartilhar juntos um pouco dos ensinamentos de Buda neste dia.

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Celebrating life, cultivating memory, New Year, summer

janeiro de 2025

Celebrando a vida e cultivando a memória.

É com profunda gratidão que nos reunimos hoje para, juntos, prestarmos homenagens aos entes queridos que já partiram. Ao consultar os nomes dos falecidos neste mês no site do templo, para a cerimônia em memória aos que já se foram, me deparei com uma lista de 170 nomes. Isso me fez perceber, mais uma vez, que muitas pessoas encerraram sua jornada neste mundo somente em janeiro. É claro que esta lista representa apenas uma pequena parte daqueles que partiram, cada um com sua história, suas vivências, e sua contribuição para o mundo.

A vida é finita, e a morte é uma realidade inevitável para todos nós. É natural que ela nos traga tristeza e, por vezes, medo. Mas será que a morte representa o fim de tudo? Acredito que não. A existência de cada pessoa, o tempo que passamos juntos, as palavras que trocamos, o carinho que recebemos... tudo isso permanece vivo em nossos corações, de diferentes maneiras.

As histórias de grandes figuras históricas nos fascinam. Não apenas por seus feitos extraordinários, mas também porque refletem o desejo universal do ser humano de deixar sua marca no mundo, de ser lembrado.

"Como posso ser lembrado?", "Como posso evitar ser esquecido?".

Talvez, ao nos depararmos com essas questões, pensemos em pedir aos outros que se lembrem de nós. Mas será que essa é a verdadeira essência da vida? Acredito que o mais importante é valorizarmos a existência de cada pessoa ao nosso redor, e mantermos viva a memória daqueles que já partiram, transmitindo-a às futuras gerações.

Um olhar amável, palavras de conforto, um sorriso sincero... que cada um de nós possa encontrar a beleza nos pequenos gestos do dia a dia, e guardá-los em seu coração. Assim, as lembranças e os ensinamentos serão transmitidos através dos tempos, de geração em geração.

Ao longo da história, diversas religiões surgiram para confortar e guiar a humanidade. Algumas delas podem pregar que basta pedir para que seus desejos sejam realizados. No entanto, no Budismo Jodo Shinshu, o que realmente importa é a compaixão, a atitude altruísta de servir ao próximo sem esperar nada em troca.

Hoje, vocês se reúnem aqui, com as lembranças de seus entes queridos em seus corações. Este ato de homenagem demonstra não apenas o desejo de honrar a memória daqueles que partiram, mas também a nobre intenção de "fazer algo pelos outros". Agir em benefício do próximo, este é o caminho para a verdadeira felicidade. E este princípio se manifesta de forma clara nesta cerimônia de homenagem aos que já se foram.

As lembranças dos que amamos podem se transformar com o tempo, mas jamais se apagam. Guardem essas lembranças com carinho em seus corações, e continuem suas jornadas, valorizando as pessoas ao seu redor, oferecendo apoio mútuo e caminhando juntos em direção ao futuro.

No Budismo, cerimônias como funerais e Hoji que memoriais nos proporcionam a oportunidade de refletir sobre a vida e sobre como devemos viver. Que esta cerimônia seja um momento não apenas para homenagearmos aqueles que já partiram, mas também para que cada um de vocês possa olhar para si mesmo, para sua própria trajetória, e encontrar esperança e força para seguir em frente.

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Contato
Templo Honpa Hongwanji de Mogi das Cruzes
    
Rua Padre Albino Bareta, 01 - Parque da Varinhas
Mog das Cruzes, SP - Brasil
CEP08753-340
Tel:(11)4799-0530

47654975000105