A Carta do Mestre Rennyo
Capítulo sobre as Cinzas Brancas
Contemplando cuidadosamente a condição flutuante da vida humana, vejo que , do início ao fim, esta vida se esvanece qual uma miragem. Nunca soube de alguém que tivesse vivido dez mil anos. Como é fugaz esta vida! Quantos neste mundo chegam a viver cem anos? Quem morrerá primeiro: eu ou o meu semelhante? Será hoje ou amanhã? Não sabemos. Os que ficam, os que vão, todos partem mais célere que as gotas de orvalho, caindo das folhas ás raizes. Pela manhã nosso semblante pode estar radiante e ao fim da tarde não sermos mais que cinzas brancas.
Quando sopra o vento da impermanência, no mesmo instante os olhos se fecham, a respiração cessa, a face antes radiante se esvai e o esplendor do rosto desaparece para sempre. A família se reunir e sofrer, lamentando, mas tudo isso é em vão. Chega então o momento em que o corpo é levado para a cremação.
E, por fim, quando a noite, ele se esfuma, não restam senão cinzas brancas. Isso é indescritivelmente doloroso. A vida humana sendo assim esvaecente, a morte pode vir tanto para o idoso como para o jovem. Por isso, precisamos nos dedicar de coração à mais fundamental das quesões que é a vida após esta existencia, entregando-nos profundamente ao Buda Amida e recitando o Nembutsu.
Reverenciemos sempre, reverenciemos.