Volta

Sutra do Buda da Vida Imensurável


1) Difícil é nascer na condição humana. Difícil é nascer na era em que um Buda está vivo no mundo. Ainda mais difícil é receber a sabedoria da Mente Confiante. Aqueles que ouvirem o ensinamento (o Darma) devem buscar o Caminho. Aqueles que souberem manter em mente [o ensinamento] e, continuando a ouvi-lo, reverenciarem o Buda e se alegrarem na Mente Confiante, serão meus bons amigos. (tyūshakuban, p. 47)

2) Quando os seres humanos possuem terras, preocupam-se com elas. Quando possuem uma casa, preocupam-se com ela. Vivem apegados a animais domésticos, como vacas e cavalos, ao dinheiro, à riqueza, a roupas, ao alimento, a móveis e empregados. Quando não possuem terras, ficam frustrados e as desejam. Quando não possuem casa, ficam infelizes e desejam- na. Quando não possuem animais domésticos, como vacas e cavalos, ou não têm dinheiro, riqueza, roupas, alimento, móveis e empregados, ficam descontentes e ambicionam tê- los. Quando chegam a possuir algumas dessas coisas, outras talvez continuem faltando. Se tiverem estas, não terão aquelas e, assim, desejarão tê-las todas. Mas, mesmo que, por alguma circunstância, venham a possuir tudo isso, o que possuem logo acabará por desaparecer ou será perdido. (tyūshakuban, p. 54)

3) Prisioneiros de desejos e apegos, os seres humanos nascem e morrem a sós. Sozinhos, vêm e vão. Cada um, com seus próprios atos, determina para si uma existência de sofrimento ou de alegria. Cada um terá de assumir as consequências cármicas de seus próprios atos e nisso ninguém poderá substituí-lo. (tyūshakuban, p. 56)

4) Os seres humanos preocupam-se só com os seus afazeres e tarefas mundanas. Enquanto são sadios poderiam praticar o bem, libertar-se do samsara e nascer na Terra Pura. Se o fizerem, certamente, receberão a vida infinita. Por que não buscam o Caminho? O que se pode esperar deste mundo? Que prazer ou felicidade se pode almejar aqui? (tyūshakuban, p. 56)

5) Por serem tolos e ignorantes, os seres humanos não confiam no ensinamento do Buda. Sem pensar no futuro, buscam apenas a satisfação de desejos imediatos. Iludidos por desejos e apegos, não respeitam o que é moral, deixam-se dominar pela cólera e desejam avidamente a posse de bens materiais. Incapazes de seguir o Caminho, mergulham ainda mais no sofrimento das condições maléficas, permanecendo indefinidamente no samsara. Que lamentável! Que pena! (tyūshakuban, p. 57)

6) De tudo que amamos um dia temos de nos separar. Tudo que prospera um dia decairá. Nada deste mundo pode propiciar-nos a verdadeira alegria. (tyūshakuban, p. 58)

7) Os fortes dominam os fracos. Eles se ferem e matam uns aos outros. Os vencedores devoram os vencidos. Não sabendo trilhar o caminho do bem, cometem cruéis atrocidades. Como consequência, terão de suportar horríveis infortúnios. Cada um terá de lidar com seu próprio carma. Todos estão sujeitos a essa lei. (tyūshakuban, p. 62)

8) A extensão da orientação do Buda é tal que não há país, estado, vila ou cidade que não receba os benefícios do seu ensinamento. Por isso o mundo é harmônico. O Sol e a Lua brilham imaculados, o vento e a chuva ocorrem no tempo certo, as calamidades são evitadas, o país prospera, o povo vive em paz e não são necessários armamentos ou exércitos. Os seres humanos admiram as virtudes e, plenos de compaixão, são cordiais e companheiros. (tyūshakuban, p. 73)